Clamor social

Agentes Federais, os heróis anônimos da investigação

Os noticiários frequentemente divulgam as operações da Polícia Federal, como a Operação Lava-Jato e tantas outras, que muito têm revelado sobre a magnitude do crime organizado no Brasil. Mas o que poucos sabem é que para se chegar até a deflagração de uma operação policial, um complexo trabalho de investigação é desenvolvido em sigilo por agentes federais da maior entidade de polícia do país.

As atribuições da Polícia Federal estão definidas na Constituição Federal e em diversas leis que elencam um extenso rol de investigação de crimes, dentre os quais, contrabando, terrorismo, tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro, pirataria e biopirataria, evasão de divisas e organização criminosa. Some-se ainda os crimes cibernéticos que rompem fronteiras, numa criminalidade cada vez mais estruturada e transnacional.

Para tão variado rol de atribuições da Polícia Federal, os seus agentes federais precisam ter competência e expertise no uso de técnicas de investigação modernas e recursos tecnológicos avançados, a fim de analisar e definir com precisão cada uma dessas modalidades de crimes, suas nuances e rede de conexões. A atividade de investigação exige do agente federal atributos como perspicácia, criatividade, dedicação e descrição, bem como traços de personalidade como curiosidade, persistência, paciência, memorização, habilidade para dissimulação, representação e uso de disfarce.

O elemento humano é o mais importante para o sucesso da investigação policial, pois sua conduta, procedimentos, conhecimentos e experiência definem os caminhos e resultados que serão alcançados. Os agentes federais possuem formação universitária em diversas áreas, pois a multidisciplinariedade técnica, científica e metodológica os gabarita a exercer suas atribuições em nível de complexidade e responsabilidade condizentes com o crime a ser investigado, modelo que tem como referência o FBI (Federal Bureau of Investigation), a Polícia Federal americana.

A identidade do agente federal investigador deve ser mantida em sigilo, pois não pode ser uma pessoa conhecida, sob pena de comprometer a investigação e colocar em perigo sua vida e a de sua equipe. As técnicas de investigação que utiliza variam de acordo com o caso concreto e conforme o delito a ser apurado, dentre as quais podemos citar as ações de vigilância, fotografia e filmagem, entrevista e interrogatório, infiltração, escuta ambiental e interceptação telefônica.

O trabalho de investigação precisa ter o acompanhamento permanente e em tempo real, motivo pelo qual desenvolvem um trabalho diuturno em regime de dedicação integral, que consome energia física e mental, exigindo que o policial federal seja um trabalhador incomum, que passa longo período afastado de suas famílias e que é capaz de arriscar a própria vida no cumprimento de seu trabalho.

A metodologia de investigação nas operações policiais demanda inteligência policial e alta complexidade técnica e analítica, com diligências que são decididas e implementadas pelos agentes federais, na medida em que os fatos se apresentam e em tempo real, resultando em mais eficiência e eficácia na elucidação de crimes. Essa dinâmica difere do formalismo que existe nas apurações por meio do inquérito policial, que se reveste de excesso de papéis, despachos e carimbos, burocracia que prejudica a celeridade e, por vezes, a perda da oportunidade e do imediatismo necessário à investigação.

Os agentes federais consolidam o resultado da análise de dados e informações sobre a autoria, materialidade e circunstâncias de crimes no Relatório de Investigação, que juntamente com os laudos periciais, as oitivas de testemunhas e de envolvidos, constituem os elementos de prova que subsidiam a elaboração do relatório final do inquérito policial, que irá instruir o processo criminal.

A cada conclusão de uma investigação, uma nova se inicia, pois, assim como o crime não para, as atividades de investigação da Polícia Federal também são permanentes. Portanto, quando os noticiários divulgam as operações da Polícia Federal, elas retratam o sucesso do trabalho de investigação desenvolvido pelos agentes federais, que estão nos bastidores e não aparecem nas entrevistas, mas são os verdadeiros heróis anônimos da investigação.

 

Elaboração: Magne Cristine Cabral da Silva, Diretora de Comunicação da Federação Nacional dos Policiais Federais, bacharel em direito e administração de empresas. Escrivã de Polícia Federal.

Revisão: Pablo Henrique Cassa, bacharel em direito e Agente de Polícia FederaL

Publicação: Elizabeth Misciasci