Cultura e Lazer

Guerra Secreta: A Cia, Um Exército Invisível E O Combate Nas Sombras

Correspondente de segurança do New York Times revela como a reestruturação das forças de inteligência americanas transformaram a guerra contra o terrorismo em uma verdadeira caçada humana

 

GUERRA SECRETA

(The way of knife)

Mark Mazzetti

Tradução: Flávio Gordon

392 páginas

R$ 44,90

Editora Record/ Grupo Editorial Record

 

  Os ataques terroristas de 11 de setembro provocaram mudanças estruturais na complexa rede de exército-inteligência norte-americana. Não necessariamente para melhor. É o que defende o jornalista Mark Mazzetti no livro ?Guerra secreta?, que chega ao Brasil em abril pela Editora Record. Vencedor do Pulitzer em 2009 por um conjunto de reportagens sobre a reação de Washington à violência no Paquistão e Afeganistão, Mazzeti argumenta que os Estados Unidos têm perseguido seus inimigos por meio de uma guerra obscura, auxiliada por drones armados, robôs assassinos e controversas operações especiais, como a que matou Osama Bin Laden.

  O autor mostra como as fronteiras entre as funções dos soldados e os espiões foram extintas, permitindo que a CIA assumisse tarefas tradicionalmente associadas às Forças Armadas e que estas, por sua vez, conduzissem missões de espionagem: ?A prioridade da CIA já não é mais reunir informações sobre governos estrangeiros e os seus países, mas sim a caçada humana. A nova missão premia quem colhe informações detalhadas sobre indivíduos específicos, e pouco importa o modo como isso é feito?, declara Mazzeti.

  Um dos pontos curiosos abordados pelo jornalista é a institucionalização dos ataques com drones, apesar de todo o sigilo em torno desta tática de guerra.  Mazzetti conta que a administração de Obama foi aos tribunais para se posicionar contra a publicação de documentos ligados aos drones da CIA. O autor chama atenção também para uma pesquisa realizada pela Universidade de Stanford que revelou que 69% dos entrevistados apoiam o governo americano no assassinato secreto de terroristas.

 

"Guerra Secreta" mostra como, segundo o autor, a atual forma de combate ao terrorismo conduzida pelos Estados Unidos tem não só destruído, mas criado inimigos.  A placa ?lar de caçadores? no muro da base aérea de Creech, em Nevada, parece confirmar as posições de Mazzetti. 

 

Além do Pulitzer, Mark Mazzetti venceu outros prêmios, entre eles o George Polk Award (com o colega Dexter Filkins) e o Livingston Award, por desvendar o caso da destruição de fitas de interrogatórios da CIA. Escreve para o New York Times e já colaborou para o Los Angeles U.S News & World Report e para a The Economist. Vive em Washington DC.