Clamor social

Caso Sandra Gomide

Em 20 de agosto de 2000, a jornalista Sandra Florentino Gomide foi morta de forma covarde e traiçoeira.

Por: Elizabeth Misciasci

- Restaram como desfecho dessa trágica história, tão somente a Indignação e a Incredulidade...

Réu confesso, o também jornalista Antonio Marcos Pimenta Neves permaneceu em liberdade por dez anos e meio após cometer um crime bárbaro, tendo uma morosa e perturbadora definição de sentença. Podendo, por muito pouco, ter sido mais uma atrocidade, acrescentada na imensa lista das barbáries praticadas sem qualquer punição (proporcional) aos seus autores.

Amparado legalmente pela Justiça, que estabelece como regra a Presunção da Inocência, Antonio Marcos Pimenta Neves, que confirmou autoria dos dois disparos "pelas costas", resultando no covarde assassinato da jornalista Sandra Florentino Gomide, em 20 de agosto de 2000, mesmo sendo réu confesso, estendeu emuito o seu tempo em liberdade.

Indiciado, julgado, e, (depois de passados seis anos do crime) sentenciado em 05 de maio do ano de 2006, a pena de 19 anos e dois meses de prisão, (depois reduzidos para 15) o acusado aguardou por muito tempo decisão do Supremo Tribunal de Justiça Criminal, livre.

E, assim foram julgados outros recursos, que beneficiaram o acusado, inclusive um em 2007, deferido pela até então ministra Maria Thereza de Assis Moura confirmando  uma liminar que garantia ao jornalista a soltura, até que se esgotassem todas as possibilidades de recurso.

Pimenta Neves, que por sua defesa  apresentou aproximadamente 22/23 (vinte e dois/vinte e três) recursos na justiça, seguiu ainda esgotando o direito à ampla defesa, ou seja, pautando-se com amparos legais, aos direitos e faculdades concedidos à parte para impugnar decisões judiciais e assim, permaneceu solto.

Em 24 de maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a pena e Pimenta Neves foi preso, no entanto, em 18 de fevereiro de 2016, ou seja, após cinco anos, foi lhe concedido a progressão para o Regime Aberto.

Entenda e Relembrando o Caso.

Em 1995, Sandra Gomide que também era jornalista em São Paulo, estava no início de sua carreira, e trabalhava no extinto Jornal Gazeta Mercantil, quando conheceu Antonio Marcos Pimenta Neves, que assumia a direção da redação, depois de trabalhar no Banco Mundial, nos Estados Unidos. Eles se apaixonaram, e começou aí relação do casal. Pimenta tinha uns 30 anos a mais que Sandra.

Dois anos depois, quando Pimenta saiu da Gazeta, e foi dirigir o jornal O Estado de São Paulo, o relacionamento do casal já demonstrava não andar bem, evidenciando ser uma relação saudável. Mesmo assim, Pimenta levou Sandra, deixando-lhe ocupar a função de subeditora de Economia, e em seguida deu-lhe ao cargo de editora de Economia, no qual ficou por somente vinte dias.

Com o rompimento da relação, Pimenta Neves iniciou uma perseguição obsessiva à ex-namorada

Ao fim de quase quatro anos de namoro, Pimenta Neves a teria agredido brutalmente, (assim sendo, Sandra, pois um fim ao relacionamento); conforme queixa registrada pelo boletim de ocorrência 3837/2000 no 36º Distrito Policial.
Após o exame de corpo de delito, inquérito, passou a tramitar na 2ª Delegacia de Defesa da Mulher, onde Sandra seria ouvida em 28 de agosto de 2000.

Inconformado com o termino do namoro, Pimenta Neves não se contentou em vingar-se só com a demissão de Sandra? Obsessivamente, primeiro perseguiu-a profissionalmente, depois passou para mais agressões físicas, verbais, junto a uma série de difamações, constrangimentos, espionagens e graves ameaças.

Sem liberdade plena e receosa, Sandra dormia na casa de amigos e familiares, ia se precavendo cautelosamente, enquanto aguardava para prestar seu depoimento na Delegacia da Mulher.
Embora tivesse alugado um apartamento perto da oficina mecânica do pai, tratou de trocar inclusive as fechaduras, uma vez que, Pimenta também alugou um apartamento no mesmo andar, onde a observava ininterruptamente, bem como também a ameaçava com mensagens na secretária eletrônica.

Como habitualmente fazia Sandra que gostava muito de cavalos, pegou seu carro, uma S10 verde, e em companhia de suas duas sobrinhas, seguiu para o lugar que frequentava, o Haras Setti, em Ibiúna, a 64 km de São Paulo ( interior de SP), foi lá, que Pimenta Neves após tentar infrutiferamente uma reconciliação, assassinou a ex-namorada com dois tiros (o primeiro nas costas e o segundo na cabeça) no dia 20 de agosto de 2000.

O acusado, não só atirou pelas costas, mas, se aproximou de onde ela estava caída e a 35 centímetros da vítima, deu um tiro na cabeça?

Denuncia

Antonio Marcos Pimenta Neves foi denunciado pelo Ministério Público por homicídio doloso com duas qualificadoras (agravantes): motivo torpe (ciúmes) e recurso que impossibilitou a defesa da *vítima (tiro pelas costas), *Sandra Florentino Gomide.

 Passados mais de vinte anos do crime, mesmo sendo réu confesso e apesar de ter sido condenado em regime integralmente fechado, Neves viveu logos anos tranquilo. Passou quase onze anos distante de qualquer cárcere e longe o bastante das dependências do Tribunal do Júri. Recolhendo-se, discretamente, ao conforto de sua casa no bairro do Alto da Boa Vista em São Paulo.

No período em que esteve gozando de plena liberdade, Pimenta Neves não deu entrevistas, nem fez declarações.

Em 18 de Fevereiro de 2016 foi concedido o benefício de Regime Aberto, por bom comportamento. Ou seja, Pimenta Neces não cumpriu nem cinco anos de sua sentença em regime fechado.

 

Os pais de Sandra Gomide

Pais de Sandra Gomide, Leonilda Pazian Florentino, falecida em 2016, e João Florentino Gomide, 82 perderam a saúde, o dinheiro e a estrutura emocional, e o pior, a filha...

Hoje, aos 83 anos de idade, Permanece morando na mesma residência e pelo que se sabe, passou e passa a maior parte do tempo, navegando na Internet.

 

Abaixo a materia produzida pelo hora1 em 2016 

 

O jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves tinha 63 anos e era diretor de redação do jornal "O Estado de São Paulo" quando matou a também jornalista Sandra Gomide com dois tiros nas costas, no dia 22 de agosto de 2000. Ele foi preso 13 dias depois de cometer o crime. Mas passou sete meses na prisão porque em março de 2001 conseguiu um habeas corpus para aguardar em liberdade o julgamento, realizado em maio de 2006.

O júri condenou Pimenta Neves a 19 anos de prisão. Mas ele entrou com recurso e conseguiu esperar a decisão em liberdade. Sete meses depois, a Justiça negou o recurso; mas reduziu a pena para 18 anos. Pimenta Neves não se apresentou e foi considerado foragido. Só que três dias depois, o STJ suspendeu a ordem de prisão. Até que no dia 24 de maio de 2011, o STF negou o último recurso e determinou a prisão. Pimenta Neves foi para o presídio de Tremembé. Em setembro de 2013, ele conseguiu ir para o regime-semiaberto.

Dois anos depois, entrou com pedido para passar para o regime aberto e foi mandado, em janeiro deste ano, para o presídio de Bragança Paulista para esperar a decisão. Pimenta Neves deixou a prisão no dia dez de fevereiro.

O Ministério Público acompanha o caso desde que o crime ocorreu. Só o promotor, que participou do julgamento, ficou nove anos apresentando recursos e pareceres. É quase o dobro do tempo que Pimenta Neves passou na cadeia.

O pai de Sandra Gomide vive sozinho com um salário mínimo e depende de cadeira de rodas. A mãe da jornalista morreu há dois meses. O Hora 1 não conseguiu contato com o advogado do jornalista Pimenta Neves.