O Perdão Por ELizabeth Metynoski

Sempre que o perdão vira assunto em redes sociais, principalmente grupos de pais e mães de vítimas de violências, acaba se polemizando, com muitas opiniões e críticas. Às vezes, a maioria das opiniões, chegam de pessoas que nem sempre foram vítimas de óbitos e não tiveram a vida devastada pela perda de um ente querido ou pior um filho vitimado.

O Perdão é colocado como se fosse um ato que devemos ter para sermos considerados melhores seres humanos, tipo quase uma obrigação para não sermos julgados. Mas então eu me pergunto: - em que momento o ato de você perdoar quem vitimou seu ente querido, seu filho e devastou sua vida vai te fazer um ser humano melhor? Cada pessoa lida com as perdas de uma forma! Muitos não conseguem seguir suas vidas, e mesmo os que parecem conseguir, caem sempre, porque as vezes você está bem e algo ativa o gatilho e te leva ao pior momento da sua existência.

Só quem passou pela perda de um ente querido ou filho entende o que é, nem seus amigos ou até familiares vão entender o que você sente. As pessoas vão achar que com o tempo você deve esquecer, deixar de falar sobre o assunto. Sim, como o passar do tempo você até aprende a lidar com os sentimentos, com a dor, com a saudade, mas dizer que passa é ilusão. Só quem passou na pele entende. O nível de empatia das pessoas é baseado no que elas vivenciaram, simples assim.

Com o tempo você entende que remoer os fatos, se culpar, alimentar ódio ou raiva só faz mal a si mesmo, porque quem causou tal devastação na sua vida não vai perder o sono pelo que fez, vai continuar a viver numa boa, muitos nem uma pena cumprem pelo que fizeram. Só você fica com a saúde afetada, tem transtorno pós-traumático e todos os males que seguem a esta perda. Quando alimenta sentimentos ruins em relação a quem causou o mal é como você se condenar a uma prisão perpétua. Mas nada disso condena o criminoso, este nada sente.

Então, como perdoar? O fato de você perdoar vai te fazer melhor ou te libertar do que você passou e ainda passa? Não, não vai!

A melhor coisa que você faz por você mesmo é não alimentar o ódio e a raiva, tentar não remoer, não se culpar, este é todo perdão que você deve ter, se libertar desta cadeia de sentimentos que te fazem tão mal, o resto é hipocrisia.

* Metynoski é escritora, ativista social,

diretora-fundadora do União de Vítimas,

Embaixadora Universal da Paz e Presidente

do Movimento Giorgio Renan Por Justiça